segunda-feira, 21 de junho de 2010

Resoluções 242 e 338 estão a Serviço da Liquidação da Causa Palestina

O conflito entre os árabes e o Estado sionista de Israel é um conflito de existência. O fundador do estado Sionista de Israel, Ben Gurion, confirmou isso em uma declaração de 1949, quando disse "nossa guerra contra os árabes é uma guerra de existência, não é uma guerra de fronteiras". Mais tarde, justificando os massacres contra os povos da região, o mesmo Ben Gurion disse que as fronteiras e limites de segurança do Estado Sionista de Israel abrangeriam do Pakistão ao leste até Marrocos ao oeste; da Turquia ao norte até o república da África Central ao sul.

Em seu livro, Benjamin Natanyahu disse que os israelenses cumpriram a resolução 242, em 1921.

A resolução 242 não reconhece o estado Palestino. Ela trata da retirada israelense de territórios árabes ocupados na guerra 4 de junho de 1967, e não da retirada total de todas as terras usurpadas, que resultou da ocupação da Cisjordânia, das colinas de Golã na Síria e Sinai no Egito.
Lamentavelmente, a Resolução 242 nunca foi um solução para este conflito. a guerra de seis dias em 1967 resultou de explosão de mais de 200 mil palestinos, sem direito ao retorno. Vários lideres e dirigentes populares palestinos foram expulsos e também tiveram suas terras confiscadas e casas demolidas. Levando em conta a tragédia de 1948, a Nakba (Catástrofe), contabilizamos centenas de lideres e dirigentes assinados e presos. Ainda hoje, o direito de retornar a sua terra , a sua casa não está assegurado e, é parte da agenda de luta pela liberdade do povo palestinos, por eles mesmos.

Em muitas rodas as resoluções 242 e 338 são tidas como uma solução definitiva para o conflito no Oriente Médio. Podemos ver sua defesa pela Autoridade Palestina, por lideres palestinos ligados a outras facções e por outros dirigentes de entidades palestinas, como a Federação palestina no Brasil – Fepal. A embaixada Palestina no Brasil, por exemplo, já fez declarações, para imprensa local, de que os palestinos concordam com a redução para 22% da Palestina histórica, onde topam construir seu estado.

O que as forças políticas que defendem essas resoluções não levam em consideração é, por um lado, o fato dos dirigentes sionistas nunca terem dado sinais, remotos que sejam, de concordar com essa solução; ou , por outro lado, mais importante, não levam em consideração o direito inalienável do povo palestino de retornar as suas casas e terras de onde foram expulsos, logo ao defende-las, as resoluções, está abrindo mão , indevidamente, do direito soberano do povo palestino de retornar a sua terra natal.

Essa questão nos deixa observar claramente o abismo forjado entre os anseios do povo palestino, que não concorda em abrir mão de seu território e as direções burocratizadas e personalidades que falam em nome da OLP e AP. As declarações de defesa dessas resoluções são vistas, pela maioria do povo da Palestina como traição a sua luta política pela fim da ocupação sionista. Se levarmos em consideração um pequeno universo, por exemplo, somente a comunidade palestina do Brasil já confirmaríamos esse abismo entre as tradicionais direções hegemonisadas pela Fatah . Os palestinos não abrem mão do direito de retorno e direito de construir um estado palestino e da sua autodeterminação.

Nas eleições para o Conselho Legislativo em 26/01/2006 na Cisjordânia e Faixa de Gaza, os palestinos elegeram para representantes justamente aqueles que estavam contra a política de rescisão da OLP ou da AP. A Fatah ficou com 44 representantes e Hamas ficou com 76 de total de 132 e as outros partidos e independentes ficaram com as outras cadeiras.

O mais estranho, é que Salam Fayyad, atual primeiro ministro em Cisjordânia, é de um partido que conseguiu apenas duas cadeiras no Conselho. Hoje ele é o primeiro ministro e tem total poder que supera o poder do presidente de OLP Mahmud Abbas.

Quem é Fayyad e por que isso acontece: Fayyad é o homem forte e de confiança dos Estados Unidos e de Israel em Cisjordânia, considerado insubstituível.
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A solidariedade com a luta do povo palestino devia levar em consideração a luta anti-imperialista, anti-sionista e anti-direção burocratizadas e reacionária, e levar em considerações os direitos do povo palestino,o direito de retorno em primeiro lugar, o retorno para suas casas da onde foram expulsos em 1948, e direito de construir seu estado independente, e o direito a autodeterminação. Esses direitos são inegociáveis!

Não podemos esconder a realidade, ela é complexa e complicada e o nosso desejo não pode esconder os fatos. Por isso acreditamos que a solidariedade internacionalista com a causa palestina se fortalece quando todos os elementos são levados em consideração. Para os partidos de esquerda brasileira e aqueles solidários com a luta do povo palestino, é importante entender as raízes do conflito e seu vinculo com o imperialismo e o sionismo, além do significado político da existência de estado sionista de Israel, dessa forma se fortalecem os laços de solidariedade com a luta do povo palestino.

Precisamos trabalhar junto com as entidades, pessoas democráticas e progressistas que lutam contra imperialismo e sionismo dentro da comunidade árabe em geral.

O povo árabe sofreram e ainda sofrem com a perseguição imperialista, sionista e israelense , estão lutando pelos seus direitos em seus territórios. Nossa tarefa é ampliar a solidariedade para fortalecer a luta desses bravos pelos seus direitos inalinienáveis. E, isso passa por dizer não para aqueles que querem neutralizar essa luta e a solidariedade com o povo palestino.

Jadallah Safa
21/06/2010

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