sexta-feira, 15 de março de 2013

A estratégia dos EUA na Síria falhou






Comentário de internauta (na mesma página)
Te Pu Win ·  Top Commenter · Toronto, Ontario

Fazer de Assad o vilão é tolice ‘jornalística’ simplória, pessoal. Sugiro que aproveitem o tempo e leiam um pouco sobre o Líbano. Antes de 1967, Beirute era a “Veneza do Oriente Médio”, elo de ligação entre a Europa e o mundo árabe. O ataque de Israel aos países árabes mudou essa equação para todo o meio século seguinte, que foi de guerra e sangue. Os israelenses incitaram os cristãos libaneses, o que resultou na destruição da sociedade deles, o que destruiu Beirute.
Lembram o massacre de Sabra e Shatila, em que palestinos foram assassinados nos campos de refugiados? Foi crime instigado por Ariel Sharon. E Israel continuou a agredir o Líbano – até os bombardeios bem recentes.
Com essa ação, Israel provocou reação cada vez mais extremista. Quantos outros civis inocentes foram mortos
é informação que a imprensa-empresa oligárquica ocidental esconde.
Façam avançar o filme até o Iraque, a Síria e o Irã, e vocês verão o mesmo padrão vil, com Israel a incitar cada vez mais violência e mais guerra,
sempre aos gritos de “querem destruir Israel” (e por isso seria preciso demonizar meio mundo, sem parar).
 Os EUA estão-se comportando como vassalos de Israel e, por isso, perdem amigos por todo o planeta.

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*Por Sean Fenley 

Quando a senadora Kirsten Gillibrand sabatinava o ex-senador de Nebraska Chuck Hagel, na audiência no Senado para a confirmação do ex-senador como secretário de Defesa, ela mencionou armas químicas e Síria.

Acho que a boa senadora Gillibrand precisaria ser informada de que a verdadeira ameaça não é a Síria, mas o chamado ‘exército sírio livre’ e suas armas químicas. Foram e continuam a ser apoiados por aliados dos EUA, como Arábia Saudita e Qatar, estados wahhabistas que reprimem as mulheres e nada sabem de liberdades civis e direitos democráticos. São estados antidiluvianos, já maduros para primaveras árabes, à espera de que alguma genuína democracia brote por ali. A Arábia Saudita invadiu o vizinho Bahrain, e não se cansa de reprimir movimentos revolucionários de base também ali.

A Síria é sociedade complexa, onde convivem diferentes religiões e seitas, muito mais bem protegidas, todas elas, sob o governo árabe nacionalista de Bashar al-Assad, do que algum dia seriam sob governo de algum estado salafista ou da Fraternidade Muçulmana, fascistas que aspiram a ocupar o lugar do presidente Bashar – algum estado como o Egito de Mohamed Morsi (do qual todos os cristãos coptas já se afastaram).

Temo muito pelos alawitas, os drusos e os cristãos sírios: os melquitas, siríacos, maronitas, caldaicos e outros grupos, no caso de esses assassinos salafistas e wahhabis, apoiados pelos mais retrógrados governos aliados dos EUA, chegarem ao poder. Laurent Fabius, ministro de Relações Exteriores da França, disse que “Não podemos permitir que a Síria degenere num conflito de milícias”. Gerard Araud, representante permanente da França na ONU, disse que “Estamos criando uma Somália, no coração do Oriente Médio.”

A melhor saída é exigir que Arábia Saudita e Qatar ponham fim ao seu projeto de desestabilização de toda aquela região. A única saída é uma solução política não violenta, que assegure que os sunitas fundamentalistas não cheguem ao poder. Os siríacos/aramaicos – que falam aramaico, a língua de Jesus Cristo – querem um diálogo entre todos os grupos sem precondições; querem o cessar-fogo; querem o fim da importação e do contrabando de todo e qualquer armamento estrangeiro; querem o fim das sanções econômicas; e querem o fim do recrutamento de milicianos estrangeiros mercenários para guerrear contra o país deles e dentro do país deles.

Moaz al-Khatib, que lidera a Coalizão Nacional Síria – o grupo de exilados que apoia a intervenção armada contra o governo sírio, e que são apoiados pelo ocidente e pelos países do Golfo –,  já fala, agora, também, de conversações com Bashar al-Assad. Vários grupos civis que rejeitaram a luta armada e se opõem à intervenção estrangeira na Síria também são favoráveis a um imediato cessar-fogo e a uma solução negociada.

Os EUA e a OTAN que recolham imediatamente aos canis os seus cães de guerra (a Turquia também se misturou nesse mix sórdido). Que todos procuremos pensar com a cabeça limpa, em vez de só pensar em derrubar um governo cujos principais ‘defeitos’ são ser independente de EUA e OTAN; não dar rédea livre às empresas daqueles países; não se deixar manobrar como fantoches.

A Síria, aliada ao Hezbollah e ao Irã, está além de qualquer possibilidade de ser comandada pelo ocidente, mas também é imperativo que os fundamentalistas sunitas não consigam chegar ao poder.

Em vez de fixarem-se em objetivos geopolíticos caolhos e capengas, sempre atentos exclusivamente ao interesse de Israel, EUA e OTAN têm de começar a trabalhar imediatamente na direção de uma solução política, e já! Têm de deixar de crer, exclusivamente, na força das armas. Essa estratégia é depravada, é ignóbil e, em todos os casos, obedece ao comando de gente que, em matéria de negociação política, só conhece o ‘argumento’ dos esquadrões da morte e da selvageria mais brutal e que, como já se lê de várias fontes confiáveis, já se aliou, até, aos terroristas.

* Sean Fenley é autor independente, que trabalha para implantar alguma sanidade no presente e no futuro político dos EUA, entre os militares dos EUA e nas políticas externa e doméstica dos EUA. Escreve e publica em vários websites e veículos da imprensa não-empresa em todo o mundo.

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