quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Sindicato Debate sobre a Palestina e a guerra de rapina levada pelo impérialismo sionista no Mundo Árabe, na Asia Central e no Magreb


Uma noite memorável, o evento organizado pelo Sindicato dos advogados de São Paulo, pelo Comitê Brasileiro em Defesa dos Prisioneiros Políticos Palestinos e a Célula Jurídica Pachukanis sobre a questão Palestina, a origem da ocupação e  os prisioneiros políticos , onde foi discutido a guerra de rapina que o imperialismo sionista pratica contra os países e povos do Mundo Árabe, da Ásia central e do Magreb. Os palestrantes foram:
NADER ALVES BUJAH - RIO GRANDE DO SUL - Bacharel em direito pela Universidade Unisinos e Diploma do Pós Graduação em PolÍtica Internacional pela Universidade Católica do Rio Grande Do Sul. Presidente do Centro cultural palestino do Rio Grande do SUL e coordenador das RI do Comité da Palestina Democrática no BRASIL.
MARISTELA ROSÂNGELA DOS SANTOS PINHEIRO - RIO DE JANEIRO – Ciência Política pela UFRJ, Mestre em História pela UFF, Coordenadora do Comitê de Solidariedade à Luta do povo Palestino do RJ e colaboradora do Blog “Somos Todos Palestinos”.


Abaixo vamos recordar os principais trechos da exposição dos convidados:

O palestino brasileiro Nader Alves Bujah nos envolveu com a dramática e sangrenta história da ocupação sionista dos territórios palestinos ( Nakba) e a responsabilidade da Inglaterra, a época um país imperialista/colonizador , sobre os danos causados pela Declaração Balfour /nov.1917 (Ministro britânico dos Negócios Estrangeiros)ao povo palestino, até os dias atuais.
"O Governo de Sua Majestade considera favoravelmente o estabelecimento, na Palestina, de um lar nacional para o Povo Judeu e dedicará todos os seus esforços à realização deste objetivo".(trecho da declaração)

Nader discorreu sobre as formas fascistas com que as milícias judias tomaram terras nas aldeias palestinas, sobre a política de crimes após a partilha da Palestina votada na ONU em 1947, ignorando completamente a existência milenar do povo palestino que lá vivia, os donos da terra.

E assim, o sionismo foi se apropriando das terras palestinas e implementando uma feroz e mortífera limpeza étnica nos territórios da Palestina histórica. Destruindo a cultura e se apropriando do território. Destruindo aldeias inteiras e construindo moradias, sob os escombros e sangue do povo palestino, para os judeus europeus ou norte americano, os novos colonos.

Uma das formas fascistas da política criminosa de Israel contra os palestinos são as prisões constantes e indiscriminadas de todo tipo. Essa política funciona tanto para punir as crianças,  a juventude, os homens e as mulheres, como para humilhar suas famílias que são obrigadas a pagar enquanto seu parente estiver preso. Não há necessidade de uma acusação formal para isso, Israel usa o expediente da prisão administrativa.

Até agosto de 2017 essa é a estatística :  6.279 prisioneiros políticos palestinos nos cárceres israelenses, sendo 465 prisões administrativas, ou seja, pessoas que não são acusadas formalmente, mas continuam presas; 300 são crianças; 65 são mulheres; 466 com pena acima de 20 anos; 520 pessoas estão condenadas a prisão perpetua. Seus crimes: lutam para recuperar sua terra, lutam contra a ocupação.

O acesso dos prisioneiros políticos a medicina é negado ou negligenciado, as famílias tem dificuldades de visitar seus entes queridos; não podem estudar e ainda precisam comprar comida nas cantinas das prisões do estado judeu.

A camarada Maristela localizou a situação da luta do povo Palestino contra a ocupação no contexto do que esta acontecendo no seu entorno. Afirmando que a situação dos territórios está diretamente ligada a guerra em que o imperialismo sionista e seus aliados estão empenhados no Mundo Árabe, no Magreb africano e na Ásia central, em particular, no Afeganistão.

Segundo a historiadora, uma das principais tarefas da solidariedade internacionalista com o povo árabe, africano e asiático é esclarecer exaustivamente os fatos, a história trágica desses povos escondida atrás do discurso supostamente "inatacável" das campanhas promovidas pela defesa da democracia e dos direitos humanos, fartamente reproduzida pela mídia corporativa mundial.

Sob a pauta da democracia e dos direitos humanos, as estratégias são montadas de acordo com os interesses e a realidade encontrada no local. No Egito e na Tunísia foram colocadas em prática as famosas técnicas da "não violência", conjunto de teorias de Gene Sharp, pela primeira vez posta em prática na Sérvia, sob o comando da OTPOR, nas "revoluções coloridas" do leste europeu. Nesta forma, a juventude local é chamada a se movimentar sob a liderança de jovens bem treinados. A juventude árabe recebeu treinamento diretamente de CANVAS (Center for Applied Non Violent Action and Strategies), um centro de formação de dissidentes. O objetivo é desestabilizar, desestruturar países identificados em um quadro geopolítico dos interesses imperiais/sionista, quando necessitam de uma nova configuração política, sem mudanças substanciais no regime. Nesses casos, a palavra de ordem pela "democracia" e "direitos humanos" é uma armadilha para atrair a juventude e o povo em geral. Haja vista que nenhuma Monarquia Árabe foi atingida e a única sublevação antimonárquica foi totalmente massacrada pelo CCG ( Conselho de Cooperação do Golfo) ,o pobre Bahrein, com a bênção dos EUA e Israel.

Hoje, é ampla a denuncia das ingerências estrangeiras nessas "revoltas", nas ruas dos países árabes, que, oportunamente, valem-se da crise social local, desemprego elevado, falta de democracia, corte de direitos fundamentais, falta de liberdade de expressão, corrupção e nepotismo, ou seja, encontram um  terreno fértil para movimentar as massas com objetivos e agenda definidos. E assim, atuaram e, ainda, atuam pelo mundo afora, para citar alguns exemplos:  naVenezuela e , em grau menor ,no ano de 2013, no Brasil.
Os jovens e ciberativistas, sob o patrocínio das ONGs ligadas a USAID, a NED, a Freedom House ou a Open Society, do multimilionário George Soros, que levaram as massas árabes de Túnis e do Cairo às ruas, não buscavam uma revolução e mudanças reais, mas mudanças na velha configuração política que favorecessem  os interesses geopolíticos dos EUA e Israel, da época. Tanto é assim,  que após a queda dos governos, estes jovens não interferiram mais na marcha dos acontecimentos, não chamaram mais manifestações. O  vazio deixado é logo ocupado por forças políticas em acordos com o imperialismo, sem nenhuma resistência.  Ou seja: Nada mudou para as massas árabes!

No caso quando há resistência das superestruturas dos Estados, a  armadilha da opção da técnica "não violência"   dá lugar rapidamente a estratégia militar, caso do Iraque, da Líbia e da Síria. Nesse ponto, Maristela afirmou e nos mostrou que  o imperialismo tem atacado agressivamente e criminosamente os povos árabes, destruindo as condições mínimas de sua sobrevivência, levando milhares a morte, espalhando doenças, a fome e a miséria; destruindo a infraestrutura hospitalar, da educação, de alimentação e de reservatórios de agua e energia;   além das gravíssimas contaminações produzidas pelas bombas lançadas sobre as aldeias e bairros de fósforo branco e de urânio empobrecido, que perdurarão por gerações.

Essas ingerências estrangeiras, seja pela técnica  da OPTOR ou pela guerra militar aberta contra o povo árabe, foram chamadas, pela mídia mundial, de "primavera árabe", contudo,  afirmamos que não foram primavera e nem foram árabes, geraram mais de um milhão e meio de vítimas (por baixo), 14 milhões de refugiados e  a destruição da infraestrutura necessária a sobrevivência dos povos e dos  locais históricos, a fome, o desterro, as doenças....

Toda essa movimentação agressiva do imperialismo estadunidense e sionista ao redor do mundo, em especial nas áreas de interesses econômicos, atrás da apropriação das riquezas minerais e do domínio sócio político,  tem uma razão: estamos diante de uma crise sistêmica do capitalismo monopolista . Este é o foco, o olho do furacão que atinge  indiscriminadamente, de uma forma ou de outra,  todos os povos do mundo.

As guerras contra os povos nada mais são que a expressão máxima da solução encontrada, pelo próprio capital, para a crise sistêmica do capital, tanto pela apropriação das riquezas e ataques aos direitos sociais dos trabalhadores como , não menos importante,  pelo investimento pesado na indústria da guerra,  formação de exércitos privados (mercenários), na venda de armas, operações de falsa bandeira e intervenções militares.

A presença da entidade sionista, Israel, no Mundo Árabe cumpre um papel fundamental para essa estratégia imperialista. Israel é uma grande base militar pronta e bem equipada para auxiliar as intervenções e alimentar os grupos mercenários nos países árabes sob ocupação militar. Os Estados em torno da Palestina ocupada (Israel) são considerados, para todos os efeitos e medidas, como fronteiras, por isso a estratégia elaborada conjuntamente pelos sionistas e os EUA de fragmentar esses Estados. Sem o mínimo escrúpulos, utilizam o ardil das operações terroristas de falsa bandeira, da promoção do conflito étnico e religioso. Claro, o fazem com a imprescindível ajuda das ONGs, dos Institutos, dos grupos fundamentalistas (financiados) e obviamente com a mídia corporativa e a fiel oligarquia do Golfo, cães de guarda do sionismo.
Ressaltou  e concluiu que apesar do jogo militar pesado, que inclui o ISIS e outros grupos mercenários fundamentalistas como arma para destruir a resistência anti-imperialista  da aliança formada pelo Irã, Iraque, Síria e Hezbollah, os EUA e Israel não estão conseguindo seu intento, estão atolados num fracasso total tanto no Afeganistão, como no Iraque e na Síria.
Essa vitória militar da resistência ao sionismo no Mundo árabe é muito importante para fortalece a luta do povo palestino, e nesse ponto será necessário que as resistências Palestinas estejam prontas para o confronto com a ocupação.

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